Impressionante o poder que temos sobre nós mesmos quando nos deixamos levar pelas marés de nossos sentimentos. Certamente que não me refiro apenas aos bons , aos nobres e enaltecedores. Estou já, há dias, tentando escrever sobre isto, mas a inspiração simplesmente não vinha. Sumiu por uns tempos, junto com minha alegria, vontade de produzir e encontrar os amigos. Tudo por conta de uma experiência difícil que vivi, na qual me percebi completamente invadida por sentimentos de impotência e tristeza. Levei uma goleada da minha fragilidade, que existe, eu sei, mas que sempre ficou ali, escondidinha e bem administrada , no último lugar da minha lista. Por conta de um problema de saúde, entendi que tudo aquilo pelo que lutei e me empenhei uma vida inteira poderia se perder em um segundo. Entendi, também, que a gente tem que aprender a dar real significado a tudo na vida. Em tempos de rememorar o fatídico 11 de setembro (de 2001), momento em que as pergunta da hora é : "Onde você estava naquele dia?" , me dou conta que cada um tem o seu próprio apocalipse. Eu, por exemplo, naquele momento, estava vivendo o fim do meu casamento. Outras pessoas estavam perdendo seus empregos, se descobrindo doentes, recebendo uma ordem de despejo, sendo vítimas da violência doméstica ou urbana. A grande lição que o atentado às Torres Gêmeas deixou, na minha opinião, é a de que pode, deve haver um marco zero após uma catástrofe de qualquer dimensão. Um novo começo, uma nova construção. A cada tragédia, uma perspectiva diferente que se apresenta. A obrigatoriedade de refletirmos sobre os fatos que tanto nos abalaram nos leva a um inevitável crescimento. Se tivemos a sorte de sobreviver ao inusitado, o que nos resta senão recomeçar com mais consciência de que a vida deve ser muito mais valorizada e cada momento vivido muito mais intensamente? Rever valores, aprender a medir o que nos confere verdadeira luz e força na vida devem ser os alicerces deste novo marco zero. Quando estava me sentindo muito mal, o que mais lamentei (além de estar fora de minha casa e longe de meus filhos) foi estar distante da minha cozinha, de meu trabalho e das tarefas simples do dia a dia. Entendi, então, que o que realmente ilumina a minha vida não são grandes projetos ou eventos glamourosos. A minha felicidade está muito mais perto do que jamais supus. A ordem do dia agora é degustar cada pedacinho da minha rotina, abrir bem as janelas da minha alma e receber toda a luz que existe no universo. Conferir valor ao milagre de estar viva e perto de meus amigos. Infelizmente, outros 11 de setembro virão, pois a humanidade ainda tem muito a aprender e o rumo da vida é mesmo desgovernado. É necessário que aprendamos a focar as luzes nas pequenas mas imensuráveis coisas que dão sentido à nossa existência. Não são imprescindíveis grandes amores, eventos ou festas para que sejamos felizes. Cada um tem a obrigação de descobrir o que mantém sua chama interna acesa. E alimentar este fogo todo dia, na medida exata. Nem tão fraca para que não apague, nem tão forte para que não nos queime.
Tóia, como sempre muito bom! Espero que estejas bem. Bjão.
ResponderExcluirso quando ha problemas, agente se da conta que nao existe nada melhor na vida do que a rotina
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