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domingo, 25 de março de 2012

O gosto da infância, para que apesar dos pesares, o dia possa nascer feliz!


    Neste fim de semana assisti, pela enésima vez, a temporada completa de Friends. E quando revi o ultimo episódio da série, que encerra a etapa de transição da adolescência tardia para a vida adulta de seis jovens amigos, me veio com uma clareza impressionante a compreensão de que me senti, assim como os personagens, órfã de alguma coisa que não volta mais.  E me dei conta que assim é a vida. Estamos sempre ficando  “orfãos”  de algo que já vivemos, ou não.  Mesmo que tenhamos partido ou mudado por vontade própria, aquilo que ficou para trás já não nos pertence mais. Os sonhos que sonhamos e não vivemos a tempo de continuar desejando também.  Pode ser uma casa, um trabalho, uma amizade ,um projeto, um casamento, uma viagem...  Tudo o que já vivemos ou desejamos e não temos mais vai deixando na nossa alma uma “vaguinha” que nem sempre poderá ser novamente preenchida. Poderão vir novas histórias, novos afetos , oportunidades ou sonhos. Mas aquilo que ja esteve dentro de nós, fica para sempre. E sua ausência, nos deixa eternamente esvaziados. E aí me pergunto como pode isto? Vivemos tão intensamente tantas coisas e sempre encontramos espaço para novas experiências, vínculos e desafios. A primeira vez que ouvi a palavra “resiliência”, que não conhecia, fiquei encantada com o seu significado. A grosso modo, é a capacidade que as pessoas tem de seguir em frente, ou recomeçar, após situações de extrema dificuldade.  O popular tropeça mas não cai, ou ainda, o exemplo da mitológica Phoenix, que renascia de suas próprias cinzas.  Fiquei imaginando, de forma caricata, uma pessoa cheia de pequenos espaços, pequenos vazios estrategicamente esculpidos  pela sua história de vida.  E então me dei conta que temos, felizmente, um grande HD que nos permite buscar através de algumas memórias, sejam visuais, auditivas, afetivas, olfativas ou gustativas, um pouquinho daquilo que já vivemos.  Assim como a vida nos dá e tira, ela também nos oferece alguns atalhos para o que ficou para trás. Na minha cozinha, muitas vezes, reencontro cheiros e sensações do passado, lembranças vivas de pessoas queridas que já se foram. Cada um escolhe ou é escolhido por um caminho para resgatar um pouquinho do que já se foi. Para mim, as melhores receitas, são aquelas que tem gosto de infância. Podem ser as mais simples.  Mas o tempero da saudade e do gosto que me permite relembrar momentos tão intensos, as transformam em manjares dos Deuses.

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