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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O Marco Zero de cada um. Todos temos nosso apocalipse particular.



Impressionante o poder que temos sobre nós mesmos quando nos deixamos levar pelas marés de nossos sentimentos. Certamente que não me refiro apenas aos bons , aos nobres e enaltecedores. Estou já, há dias, tentando escrever sobre isto, mas a inspiração simplesmente não vinha. Sumiu por uns tempos, junto com minha alegria, vontade de produzir e encontrar os amigos. Tudo por conta de uma experiência difícil que vivi, na qual me percebi completamente invadida por sentimentos de impotência e tristeza. Levei uma goleada da minha fragilidade, que existe, eu sei, mas que sempre ficou ali, escondidinha e bem administrada , no último lugar da minha lista. Por conta de um problema de saúde, entendi que tudo aquilo pelo que lutei e me empenhei uma vida inteira poderia se perder em um segundo. Entendi, também, que a gente tem que aprender a dar real significado a tudo na vida. Em tempos de rememorar o fatídico 11 de setembro (de 2001), momento em que as pergunta da hora é : "Onde você estava naquele dia?" , me dou conta que cada um tem o seu próprio apocalipse. Eu, por exemplo, naquele momento, estava vivendo o fim do meu casamento. Outras pessoas estavam perdendo seus empregos, se descobrindo doentes, recebendo uma ordem de despejo, sendo vítimas da violência doméstica ou urbana. A grande lição que o atentado às Torres Gêmeas deixou, na minha opinião, é a de que pode, deve haver um marco zero após uma catástrofe de qualquer dimensão. Um novo começo, uma nova construção. A cada tragédia, uma  perspectiva diferente que se apresenta. A obrigatoriedade de refletirmos sobre os fatos que tanto nos abalaram nos leva a um inevitável crescimento. Se tivemos a sorte de sobreviver ao inusitado, o que nos resta senão recomeçar com mais consciência de que a vida deve ser muito mais valorizada e cada momento vivido muito mais intensamente? Rever valores, aprender a medir o que nos confere verdadeira luz e força na vida devem ser os alicerces deste novo marco zero. Quando estava me sentindo muito mal, o que mais lamentei (além de estar fora de minha casa e longe de meus filhos) foi estar distante da minha cozinha, de meu trabalho e das tarefas simples do dia a dia. Entendi, então, que o que realmente ilumina a minha vida não são grandes projetos ou eventos glamourosos. A minha felicidade está muito mais perto do que jamais supus. A ordem do dia agora é degustar cada pedacinho da minha rotina, abrir bem as janelas da minha alma e receber toda a luz que existe no universo. Conferir valor ao milagre de estar viva e perto de meus amigos. Infelizmente, outros 11 de setembro virão, pois a humanidade ainda tem muito a aprender e o rumo da vida é mesmo desgovernado. É necessário que aprendamos a focar as luzes nas pequenas mas imensuráveis coisas que dão sentido à nossa existência. Não são imprescindíveis grandes amores, eventos ou festas para que sejamos felizes. Cada um tem a obrigação de descobrir o que mantém sua chama interna acesa. E alimentar este fogo todo dia, na medida exata. Nem tão fraca para que não apague, nem tão forte para que não nos queime.  

2 comentários:

  1. Tóia, como sempre muito bom! Espero que estejas bem. Bjão.

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  2. so quando ha problemas, agente se da conta que nao existe nada melhor na vida do que a rotina

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