Porque esta noite é diferente de todas as noites? Esta é a tradução da canção que se entoa na primeira noite de Pessach, a Páscoa Judaica. Esta é uma introdução para que se possa, no desenrolar da música, explicar-se o significado dos alimentos que se consomem nesta festividade, usualmente diferentes daqueles que comemos todos os dias.
No Seder de Pessach as famílias se reúnem para juntos celebrarem o fim da escravidão dos judeus no Egito. É a celebração da liberdade.
Uma linda festa com alimentos típicos e muita alegria. Para mim a resposta a esta pergunta seria também: Porque esta noite estamos todos juntos, sem pressa, apreciando e desfrutando da companhia uns dos outros, celebrando aquilo que nos tornou e vai tornar os nossos filhos nas pessoas que somos e serão: A vida em família, a nossa cultura e a nossa história.
Nasci do dia 08 de julho de 1960, em Porto Alegre , no bairro Bom Fim. Sou a quarta e última filha de uma família judia de classe média. Muitas das lembranças que tenho de minha infância estão ligadas à uma grande mesa farta com toda a minha família paterna celebrando as festividades judaicas. Muitos primos, muitos tios, muito barulho, pouca reza e sobretudo, muita comida. Meu querido avô Maurício (em cuja homenagem dei o nome a meu filho mais velho), religioso como era, tentava fazer com que as cerimônias se realizassem da forma mais correta possível, mas os mais jovens não conseguiam suportar a ansiedade da espera pelos pratos típicos deliciosos que viriam a seguir. Também pelo lado materno tenho recordações de especialidades judaicas preparadas pela minha querida avó Rebeca, com quem muito convivi em minha primeira infância. Lembro que a casa dela tinha um cheiro peculiar. Algo assim como um aroma de conserva permanente. Um cheiro de pimentão assado. Fazia uma sopa de massinhas que nunca consegui reproduzir, mas os biscoitos, os ”pletzalech”, estes felizmente aprendi com minha mãe, e meus filhos adoram.
Adoro a culinária judaica. Não que eu seja religiosa, longe disto. É que a culinária judaica me reporta às minhas origens, à minha família, à minha cultura. Uma vez ouvi que cada um tem sua porta para a religiosidade. No meu caso, a minha porta para o judaísmo é a minha família, são os meus pais, os meus avós e tudo que herdei deles. Me orgulho muito deles e de tudo o que me deram. Minha forma de retribuir e de me inserir neste contexto foi aprendendo a culinária judaica oferecê-la aos meus filhos, e garantir que as festas e tradições de nossa família continuarão existindo.
Todas as festas religiosas judaicas são regadas à muita comida. Mesmo aquela em que se jejua. Para quebrar o jejum, uma mesa com comida suficiente para recuperar tudo o que não se comeu naquele dia e nos dez que o antecederam. E já houve quem resumisse a oração de todas as festividades para: “Bem, eles tentaram nos matar, não conseguiram, agora vamos comer!”
Belíssimo texto, Tóia! Parabéns!
ResponderExcluirAh querida, obrigada. Beijos
ResponderExcluirliteratura afetiva e emocional, remete ao Confort Food, lindo tesxto, Pessachfeliz! bjs rosinha
ResponderExcluirLindo o que excrevestes Tóia. Deu uma nostalgia brutal. Um beijo bem grande, Juca.
ResponderExcluirObrigada querido, tb fiquei nostálgica... por isto o texto! Beijos
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